sábado, 19 de dezembro de 2009

Dieta Planetária


As pessoas adoram se comprometer com dietas na virada do ano. Está aí uma dieta planetária, de efeito individual e global. E que merecem ser levadas adiante, dadas suas repercussões no longo prazo.

Por exemplo, reduzir o consumo de carne vermelha e de alimentos com baixo valor nutritivo mas com muito açúcar e/ou gordura é poupar recursos naturais e ao mesmo tempo cuidar da saúde, mas pode causar perdas na indústria e na oferta de empregos. Por outro lado, traz economias no sistema de saúde.

Importante lembrar que foi levado à COP 15, a Conferência do Clima em Copenhague, um estudo realizado por 10 cientistas brasileiros demonstrando que metade das emissões brasileiras de gases de efeito estufa vem da pecuária.

Abaixo segue a lista da Dieta Planetária:

· Consumir menos comida e bebida - a recomendação é ingerir os produtos na medida suficiente para manter o peso saudável;

· Reduzir o consumo principalmente de alimentos e bebidas que não tem valor nutritivo - ou seja, demandam muitos recursos naturais, mas são pouco eficientes em alimentar;

· Consumir itens produzidos localmente - para evitar emissão de gases com o transporte a longas distâncias. (No Brasil, ajuda especialmente a incentivar a pequena produção, reduzindo a desigualdade socioeconômica na agricultura);

· Reduzir a geração de lixo da cozinha - ajuda a diminuir a emissão de gases de efeito estufa, assim como a quantidade de resíduos de embalagens;

· Reduzir o consumo de carne e derivados de leite - contribui para gerar menos gases de efeito estufa;

· Tomar água (filtrada) da torneira e não engarrafada - reduz os impactos ambientais do processo de embalagem, do transporte e do descarte;

· Aumentar o consumo de produtos certificados, orgânicos e do comércio justo - que respeitam a biodiversidade, o solo, a água e além de aspectos sociais, culturais e trabalhistas;

· Consumir peixes de estoques sustentáveis e evitar as espécies ameaçadas;

· Consumir vegetais e frutas da estação - isso ajuda a reduzir disparidades sociais, uma vez que em geral são alimentos de preço mais acessível;

· Evitar vegetais e frutas fora da estação, cultivados em estufas que consomem energia e aumentam as emissões de gases.

Carnes e laticínios causam 51% do gás-estufa global

Consultores do Banco Mundial relataram em periódico deste bimestre que substituir derivados animais na alimentação, como carnes e laticínios, por análogos vegetais, daria resultados mais rápidos contra o aquecimento global do que ações que trocam combustíveis fósseis por energia renovável.
Segundo estudo divulgado pela organização de pesquisa ambiental World Watch Institute, de Washington, a pecuária seria responsável por pelo menos 51% das emissões dos gases-estufa no mundo, ou 32,5 bilhões de toneladas.

Gado em rodovia no Pará; 51% do gás-estufa mundial é da pecuária, diz estudo
Se abraçada pela comunidade internacional, a tese representa uma virada de mesa no debate sobre a mudança climática, geralmente focado na questão energética.
Os autores do estudo, Robert Goodland e Jeff Anhang, respectivamente consultor-chefe aposentado e especialista, ambos da área ambiental do Banco Mundial, avaliam que o percentual de 18% normalmente divulgado para medir o impacto da pecuária no aquecimento global está "extremamente subestimado".
Mesmo a pesquisa anterior que estimava os 18%, da Organização para Agricultura e Alimentação (FAO/ONU), já dizia que a pecuária possui mais impacto no clima do que o setor dos transportes.
A ecóloga Magda Lima, da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), responsável por relatórios sobre a agropecuária no Brasil, acredita que os valores são superestimados. Ela também reclama que "os estudos precisam levar mais em conta as emissões históricas", diz ela.
Já o biólogo Sérgio Greif acha razoável o estudo, e até mesmo afirma já ter visto estudos que apontavam percentuais maiores no mundo.
O Brasil apresentou no sábado passado (12), em Copenhague, estudo preliminar que responsabilizava, só a pecuária bovina, por ao menos 50% dos gases do efeito estufa no país.


Uma das fontes de gás-estufa da pecuária desconsiderada, segundo os autores, é a emissão de gás carbônico devido à própria respiração dos rebanhos. A FAO afirma que a respiração dos rebanhos "faz parte de um sistema cíclico biológico". E, pela reconversão do CO2 em compostos orgânicos, não está listada como uma fonte reconhecida de gás-estufa sob o Protocolo de Kyoto.
SXC
A respiração dos animais é fator importante de emissão de gás-estufa por responsabilidade humana, dizem pesquisadores
Mas os autores ressaltam que o gado é "invenção e conveniência humana". Com isso, "hoje, mais dezenas de bilhões de animais criados pelo ser humano estão exalando CO2 que nos tempos pré-industriais", enquanto a capacidade fotossintética da Terra declinou gravemente com a falta de cobertura vegetal, defendem.
Os autores indicam ainda que as terras também seriam melhor usadas caso nelas fosse produzida diretamente comida para os humanos ou biocombustíveis, que poderiam substituir outras fontes de energia.

Metano

A FAO também destaca como ponto negativo o metano emitido pela digestão dos rebanhos. Este gás tem um potencial de aquecimento da Terra maior que o gás carbônico, mas sua duração na atmosfera é bem mais reduzida.
Mas o estudo divulgado pelo World Watch Institute aponta que o potencial de efeito estufa do metano é quase triplicado ao se utilizar uma linha do tempo de 20 anos --o que seria mais apropriado, por seus efeitos, segundo eles-- ao invés de 100 anos, como fez a FAO.
Goodland e Anhang apontam também que há emissões da pecuária alocadas em outros setores. Um exemplo é a criação de peixes e a pesca destinada à alimentação dos rebanhos.
Citam também o desperdício de partes não aproveitáveis dos animais, como ossos e gorduras incinerados; a cadeia paralela de subprodutos como couro e pele; e o cuidado sanitário maior no embalamento dos produtos da pecuária.
Mas eles vão ainda mais longe, ao consumidor final: consideram que o tempo de cozimento de alimentos derivados de animais é maior e isso leva ao uso de mais fluorocarbonetos e energia; além das emissões de carbono por tratamento médico de zoonoses e doenças degenerativas humanas devido ao consumo de derivados animais.

Soluções
Os autores indicam que neste contexto, a melhor estratégia na luta climática seria substituir produtos derivados de animais por análogos vegetais. Segundo seu estudo, apenas mudar o modo de produção ou tipo de carnes ou laticínios não teria uma redução significativa de seu impacto.
A bióloga Adriana Conceição, com especialização no impacto da pecuária bovina no Brasil, estima que medidas como alterar a dieta dos animais poderiam reduzir no máximo cerca de 10% de seu impacto.
Ela considera pioneira esta recomendação vinda de uma organização como a World Watch: "Em geral recomenda-se trocar certas fontes de energia por outras melhores", conta ela, "mas normalmente não se fala em substituição de alimentos."
Magda Lima já aposta na concentração das criações de animais em espaços reduzidos e em alteração de dietas, mas ainda estima que essas técnicas possam reduzir no máximo entre 15% e 20% de suas emissões.
O estudo divulgado pela World Watch também aponta a dificuldade que existe há muitos anos em se desenvolver tecnologias "verdes" para energia.
Assim, eles recomendam um esforço direcionado ao setor industrial para a oferta de "produtos análogos a carnes e laticínios" processados, como soja e diversos tipos de legumes e grãos. Quando processados, ficariam similares aos originados da pecuária.
Para viabilizar este novo movimento de mercado um significativo investimento em publicidade seria necessário, pois os produtos são novos para a maior parte dos consumidores. Recursos poderiam vir de fundos específicos para iniciativas de menor impacto de carbono na economia. E as embalagens poderiam ser diferenciadas mostrando o impacto de carbono dos alimentos.

MAURÍCIO KANNO
colaboração para a Folha Online

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Calendário 2010: Long Distance Triathlon




INSCRIÇÕES ABERTAS CLIQUE AQUI

Discurso de Lula sela opção pelo desenvolvimento sustentável ...



Por Ricardo Young, presidente do Instituto Ethos e integrante da comitiva*
Foi um discurso de estadista. A fala do presidente Lula na COP15, que acabamos de ouvir, veio ao encontro de nossas melhores expectativas. Foi desfeita, de forma corajosa, a grande dificuldade de posicionamento claro e contundente de nossa delegação, em relação às contradições que vem impedindo o acordo do clima. Mais do que corajoso, este discurso expressa o melhor espírito de responsabilidade esperado de um estadista que representa uma nação que não pode se omitir do comprometimento planetário com o acordo climático.
Lula pôs este acordo como um imperativo ético e moral de todos os países. Ele precisa ser celebrado e não pode se subordinar a interesses patromonialistas, de mercado ou de políticas internas. Por isso, convocou os dirigentes políticos do mundo a refletir sobre a tarefa histórica que tem pela frente e não admitiu recuo de quem quer que seja no esforco de superar as consequências do aquecimento global.
Enalteceu as vantagens competitivas do Brasil para o desenvolvimento de baixo carbono, aproveitando para reiterar o compromisso brasileiro com a redução das emissões de carbono. Em nenhum momento, o presidente Lula colocou estas vantagens como subterfúgio, que exime o país de seu papel histórico para com a humanidade, nesta encruzilhada que pode custar a sobrevivência da espécie no planeta. Reforçou, no entanto, que é óbvio que países com passivo de matrizes sujas tem, no mínimo, maior responsabilidade no esforço de mitigação e adaptação que nossa civilização terá de empreender.
Lula não fez blague nem demagogia. Foi convincente na defesa do imperativo social neste combate as mudancas climáticas, bem como da prerrogativa que os países insulares mais pobres tem de se candidatarem primeiro a ajuda internacional.
Na minha opinião, corroborada por personalidades como o cientista Carlos Nobre e o jornalista Washington Novaes, e que, com este pronunciamento presidencial, o Brasil selou sua opção pelo desenvolvimento sustentável.
O discurso do presidente esteve a altura da importância histórica desta conferência. Mas, as palavras deles precisam sair do papel e tornarem-se ações respaldadas pelo Congresso, pelo próprio Executivo federal e pelos governos locais. Mas avançamos e esta é a melhor notícia que levo deCopenhague para o Brasil.


*Texto publicado no blog do Instituto Ethos em 17/12/2009. Título original: "Discurso do presidente Lula sela opção brasileira pelo desenvolvimento sustentável"

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Salve Copenhague: um Acordo pra Valer Agora!


Caros Amigos,
Copenhague é a única chance de impedir mudanças climáticas catastróficas, e as negociações estão falhando.
Somente a pressão pública massiva poderá salvar Copenhague.
Assine você também está petição global histórica

Com apenas três dias para terminar, a Conferência de Copenhague está falhando. Amanhã, os líderes globais irão chegar para um encontro inédito de 60 horas diretas de negociações.

Os especialistas concordam que sem a pressão da opinião pública global por um acordo forte, o encontro não conseguirá impedir o aquecimento global catastrófico de 2 graus.

Clique abaixo para assinar a petição por um Acordo pra Valer - a campanha já conta com um número surpreendente de 11 milhões de apoiadores - vamos transformá-la na maior petição da história nas próximas 72 horas! Os nomes serão lidos diretamente na Conferência de Copenhague - assine no link abaixo e envie este alerta para todos os seus contatos! http://www.avaaz.org/po/save_copenhagen

A equipe da Avaaz está se reunindo diariamente com os negociadores em Copenhague e iremos providenciar uma entrega espetacular da petição aos líderes a medida que eles forem chegando.
Os nomes serão colocados em um muro gigante de caixas e serão lidos um a um. Com a maior petição da história, os chefes de estado não terão dúvida de que o mundo inteiro está atento ao que está acontecendo.

Milhões de pessoas assistiram pela televisão a vigília da Avaaz dentro do encontro, onde o Arcebispo Desmond Tutu disse a centenas de delegados e crianças reunidas:
"Marchamos em Berlim e o muro caiu. "Marchamos pela África do Sul e o apartheid caiu. "Marchamos em Copenhague - e vamos conseguir um Acordo pra Valer."
Copenhague busca o maior mandato da história para deter a maior ameaça que a humanidade já enfrentou.

A história será escrita nos próximos dias. Como nossos filhos vão se lembrar deste momento?

Vamos lhes dizer que fizemos tudo o que podíamos . http://www.avaaz.org/po/save_copenhagen

Com esperança,
Ricken, Alice, Ben, Paul, Luis, Iain, Veronique, Graziela, Pascal, Paula, Benjamin, Raj, Raluca, Taren, David, Josh e toda a equipe Avaaz.


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Participe do Jejum pela Justiça Climática esta Quinta-feira

Enquanto as negociações de Copenhague atingem o seu auge, chegou a hora de adicionar um novo elemento à pressão política e argumentos intelectuais: força moral.

Os governantes que estão chegando em Copenhague agora terão que decidir se farão a coisa certa. Milhares de jovens em Copenhague farão um jejum solidário coletivo nesta quinta-feira - inspirados por três pessoas que têm jejuado, sob supervisão médica apropriada, por 42 dias.
Participando do jejum e comunicando esta mensagem para os políticos e as nossas comunidades, nós enviaremos um sinal de que - pessoas do mundo todo estão unidas através das fronteiras, e prontos para a mudança - acima dos interesses de curto prazo, por um mundo justo e igualitário para todos.

Clique aqui para participar do jejum: http://avaaz.org/po/climate_justice_fast/?CLICKTRACK

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Receitas veganas de Fim de Ano

Receitas veganas de Fim de Ano

Baixe as receitas selecionadas pelo Vista-se para o seu final de ano.
Imprima e faça um livrinho de receitas para distribuir aos parentes e amigos.
BAIXE AQUI

Envie aos amigos - especialmente os que comem alimentos com ingredientes animais - uma seleção de receitas veganas para este final de ano!
Divulgue o link: www.vista-se.com.br/natal

Bacalhoada sem bacalhau
Ingredientes
1 xícara (chá) de proteína de soja texturizada em pedaços1/4 xícara (chá) de shoyu1/4 xícara (chá) de água5 batatas médias cortadas em rodelas2 colheres (sopa) de óleo de gergelim torrado2 cebolas cortadas em lâminas (mais…)


Pavê de Chocolate
Ingredientes
1 pacote de bolacha tipo maisena 100% vegetal (leia a embalagem!)1 litro de leite de soja2 colheres (sopa) de cacau em pó1 e 1/2 xícara de açúcar demerara5 colheres (sopa) de amido de milho250 ml de suco de sua preferência1 xícara de chocolate meio amargo sem leite (leia a embalagem!) (mais…)


Nhoque ao molho de tomate e manjericão
Ingredientes para a massa
480 g de batatas1/2 xícara (chá) de farinha de trigo1 pitada de pimenta-do-reino1 pitada de alecrim picado2 colheres (sopa) de farinha de trigo para polvilharFolhas de manjericão a gosto (mais…)


Conchiglioni com Pasta de Berinjela
Ingredientes
Para a massa:16 macarrões tipo conchiglioni (sem ovos/leite ou qualquer ingrediente animal: leia a embalagem!)2 colheres (chá) de sal
Para o recheio:1 berinjela média2 dentes de alho descascados1 colher (sopa) de suco de limão1 colher (sopa) de azeite de olivaSal e pimenta-do-reino moída na hora a gosto (mais…)


Cuscuz
Ingredientes
2 colheres (sopa) de óleo1 cebola média picada5 tomates picados100 g de vagens picadas1 abobrinha pequena picada1/2 pimentão vermelho picado1/2 pimentão verde picado1/3 de xícara (chá) de azeitonas pretas picadas1/2 lata de palmito picado1/2 lata de ervilha1/2 lata de milho verde200 g de farinha de milho1 colher (sopa) de farinha de mandiocaSal e salsinha a gosto (mais…)
Feliz Natal Vegano!

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Baby, eu queria te dizer...

Sabe quando você encontra a perfeição sem nem mesmo saber que a procurava?



Porque, Baby, eu queria te dizer exatamente o que você acabou de ouvir...

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Lunas Bioabsorventes


Cada mulher é responsável por nove a onze mil absorventes descartados ao longo da sua vida fértil.
No Brasil há duas opções saudáveis e ecológicas: o copo menstrual e o bioabsorvente.

Lunas Bioabsorventes
São absorventes de tecido de algodão (anti-alérgico), reutilizáveis e biodegradáveis, uma combinação entre o modelo moderno de absorventes com abas e os paninhos que utilizavam nossas avós. Permitem-nos maior contato com nosso corpo e identidade feminina, abrindo portais a uma aceitação e valorização de um comportamento natural e saudável.

Surgem como uma alternativa aos absorventes descartáveis que além de possuírem substâncias tóxicas para o organismo, são altamente poluentes.

Lunas bioabsorventes se materializam artesanalmente com amor num canto mágico ao lado do rio Piçarras- Santa Catarina, no ateliê da Marcinha: “Tudo é Arte”
São produzidos por uma grande equipe; desde a terra mãe criadora até as mãos suaves e firmes de mulheres costureiras.

"Desenhamos e criamos modelos confortáveis de acordo com a própria experiência de uso, aprimorando e aprendendo com as boas sugestões de mais mulheres".
Este vídeo mostra um pouco a vida de "Tudo é Arte”
Assista aqui

MODELOS

Modelo mini / Pouco fluxo podendo ser utilizado diariamenteKit de 3 Lunas + 6 toalhinhas simples internas + estojo R$ 33.00 Avulsas R$12.00



Modelo normal / fluxo normalKit de 3 Lunas + 3 toalhas internas (cada uma se dobrando em 3 partes)+ estojo R$35.00 Avulsas R$ 13.00



Modelo redondo/fluxo normalKit de 3 Lunas + 3 toalhas duplas + 3 toalhas simples + estojo R$37.00 Avulsas (1 luna redondo + 1 toalha interna dupla e 1 simples)R$14.00


Modelo Luna Cheia / fluxo abundante podendo ser utilizadas também como noturnas

Kit de 3 Lunas + 6 toalhas duplas + estojo R$39.00 Avulsas (1 luna cheia + 2 toalhas internas duplas) R$ 15.00

Contato:
lunasbioabsorventes@gmail.com

CARNE: comer ou não comer?

Uma perspectiva vegetariana e ambiental feita por uma um onívora (Vivian Federicci)




Os dilemas modernos do consumo de carne e as ações conscientes


São muitos os argumentos que defendem o não consumo de carne: saúde, ecologia, ética, econômica, religião.Entre os argumentos ecologicamente mais relevantes estão o desmatamento e emissões de CO2 provenientes da industria de carne e o sofrimento e morte dos animais.

O britânico Nicholas Stern, autor do Relatório Stern sobre a economia da mudança climática, encomendado pelo Governo do Reino Unido, declarou ao jornal The Times que a pecuária destinada ao consumo de carne representa “um desperdício de água e contribui poderosamente para o efeito estufa” (Folha).

São centenas de florestas e áreas de plantação devastadas para a criação animal. O resultado é ainda pior se pensarmos no sofrimento crônico dos bichos criados em confinamento. Esta reportagem exibirá os problemas dessa relação tão antiga que temos com os animais e que, talvez esteja na hora de ser repensada. Confira:
Perdendo a legitimidade
Visitando o sítio sob os cuidados de Seu Laércio, interior do estado de São Paulo, pude conhecer uma série de animais vivendo praticamente soltos. Galinhas ciscando e botando livremente. Porcos em cochos espaçados e patos, carneiros e vacas à solta no pasto. Porém, nem todos os animais tem essa mesma rotina.

A ARCA Brasil - Associação Humanitária de Proteção e Bem-Estar Animal, em parceria com a Humane Society International – HSI (Sociedade Humanitária Internacional) desenvolve a Campanha pelo Fim do Confinamento Intensivo Animal.“Nós focamos a questão relacionada ao sofrimento ao longo da vida toda, em que o animal passa anos submetidos aos maus tratos”, afirma o gerente da Campanha da ARCA Brasil, Guilherme Carvalho.

Os animais que mais sofrem, atualmente, são os submetidos a confinamento intensivo. “As galinhas poedeiras, por exemplo, chegam ao ponto de não conseguir esticar as asas. Ficam comendo e botando ovos a vida inteira e quando a produção cai, são mandadas para o abate”.

Abate humanitário
Será possível haver algo de humanitário no abate?
A técnica que busca garantir todos os processos de bem-estar animal desde seu nascimento até o momento final tenta explicar que sim.

“Muitas ONGs trabalham com a política de não consumir, mas nós temos que ser realista e fazer algo porque as pessoas não vão parar de comprar carne”, explica o veterinário Roberto Roça, docente da Medicina Veterinária da UNESP de Botucatu e pesquisador do assunto.Inicialmente, abate humanitário era considerado a morte sem dor. Métodos estudados cientificamente evoluiram e indicam as condições de desenvolvimento, transporte e abate, reduzindo o sofrimento animal.

“Desde que um animal nasce você pode estar praticando formas de garantir o bem estar em condições favoráveis à espécie dele”, diz Roça.

Explicando os metódos, o pesquisador revela que “o animal deve ter sua fisiologia preservada, caminhar, correr, andar, beber aguá. O transporte deve ser menos traumático, com pessoas treinadas para isso e o abate deve ser sem dor e sem estresse”.
Clandestinidade
O grande problema da aplicação das técnicas humanitárias são os abatedouros clandestinos. Segundo Roberto Roça, “não é possível quantificar a clandestinidade, mas é certo que abate humanitário não existe nesses locais”.

Abatidos a marretadas e em condições de higiene duvidosas, o bem estar animal e humano se torna ameaçado.“Se tivesse uma fiscalização eficiente de combate a clandestinidade , nós conseguiriamos garantir proteção aos animais e também uma segurança para o consumidor em questão de saúde”, diz Roça.

O Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento – MAPA, a Sociedade Mundial de Proteção Animal – WSPA Brasil e associações do setor produtivo, incluindo o projeto da Medicina Veterinária da UNESP de Botucatu, desenvolvem um Programa Nacional de Abate Humanitário desde abril deste ano.

O projeto ainda está no início, atua de forma efetiva no estado de Santa Catarina e tenta ampliar o uso das técnicas. “Nós treinamos uma equipe da WSPA que vai até os abatedouros e ensina os frigorífegos. O curso é gratuito e a ideia é que os novos técnicos sejam multiplicadores dessa situação”, afirma Roça.
Pouco conhecimento
O processo de humanizar o abate ainda é lento e o consumidor pouco conhece a situação. “No Brasil a maior precupação em garantir o bem estar animal gira em torno da exportação, porque a Europa e os Estados Unidos, por exemplo, exigem um protocolo de abate humanitário”, afirma o pesquisador Roberto Roça.

Segundo ele, na mesa do brasileiro o destino da carne é incerta, “no açougue todas as carnes são iguais, só os técnicos podem avaliar contusões e manejo inadequado”.

Para o vegetariano e gerente da Campanha da ARCA Brasil, Guilherme Carvalho “o consumidor tem que ter consciência de onde vem o que ele consome, o ovo não vem do supermercado e a carne não vem da geladeira. É importante saber essa procedência, pois os derivados (leite, ovos) também estimulam maus tratos”.

Vegan, ele afirma ter consciência de que, a curto prazo, é impossível que todos parem de comer carne. “A gente recomenda que o consumidor prefira carne, ovos e derivados de pequenas propriedades orgânicas. É muito melhor do que comprar de uma empresa com linha de produção intensiva e sem quaisquer cuidados de bem estar animal”.


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domingo, 13 de dezembro de 2009

28 coisas para saber

O vídeo apresenta a questão da produção de leite, lacticínios e suas consequências.

“Quem não entende um olhar tampouco entenderá uma longa explicação” -
Mario Quintana


Brasil tem um boi ou vaca para cada habitante


Brasil tem um boi ou vaca para cada habitante. Só arroto de boi equivale a 69% dos gases-estufa por desmate no Cerrado

Adaptado por Edu Marques
As emissões de metano liberadas por arrotos de bois e vacas que pastam no Cerrado equivalem a nada menos que 69% do total de gases-estufa emitidos por desflorestamento e queimadas para pastagens nessa região. O bom funcionamento estomacal do gado libera metano (CH4), um gás suficientemente potente para entrar nos cálculos do aquecimento global .

Na Amazônia o rebanho bovino não é tão ambientalmente incorreto: a fermentação entérica naquele bioma equivale a 10% do estrago causado para implantar pastagens.

Os dados são de estudo coordenado por Mercedes Bustamante, da Universidade de Brasília (UnB), Carlos Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e Roberto Smeraldi, da ONG Amigos da Terra – Amazônia Brasileira. O trabalho mostra, pela primeira vez, que metade das emissões de gases-estufa do Brasil vem da pecuária .

A carne vai ficar cada vez mais artificial e os animais mais explorados e modificados Para reduzir essa fermentação nociva ao planeta, os especialistas recomendam melhoria genética do rebanho e “melhoria na dieta”: rações complementares, capim e leguminosas com menor potencial de emissão, aditivos e vacinas.

Brasil tem um boi ou vaca para cada habitanteO Brasil tem aproximadamente 190 milhões de cabeças de gado, o maior rebanho bovino comercial do mundo. Dá um boi ou vaca para cada habitante. As exportações da carne representam cerca de 24% da produção total, sendo a Rússia a maior importadora.

A boa notícia é que as emissões da pecuária recuaram de 1,090 bilhão de toneladas para 813 milhões entre 2003 e 2008, seguindo o recuo do desmatamento em si.

Na Amazônia, o recuo foi de 775 milhões para 499 milhões; no Cerrado, 231 milhões para 229 milhões; no resto do país, 87 milhões para 84 milhões.Estimativas são conservadoras, ressalva grupo de pesquisa

O problema é que o avanço das pastagens cai quando o desmatamento cai, mas cai menos, explicou Smeraldi. Em outras palavras, nos anos em que há recuo do desmatamento, a parcela para pastagens na área destruída é maior.

A implicação é clara: à medida que o Brasil avançar na diretriz de baixar 80% o desmatamento até 2020, crescerá a importância da pecuária como elemento de resistência à queda das emissões nacionais.

As estimativas foram qualificadas pelos próprios pesquisadores como conservadoras, porque não entraram na conta fontes complementares de gás-estufa. Fontes complementares são, por exemplo, as envolvidas na produção de ração e no transporte do gado, da carne e no seu beneficiamento industrial primário. Não foi considerado o desmatamento para formação de pastagens em outros biomas além de Amazônia e Cerrado.

O estudo considerou as três fontes principais de emissão na pecuária: desmatamento e queimadas para formação de pastagem; queimadas das próprias pastagens e fermentação entérica do gado.

Os principais números da pesquisa foram divulgados nesta quinta-feira (10) e serão apresentados em duas reuniões sábado (12) na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, a COP 15 . Os autores (ao todo, dez especialistas) ressaltam que suas conclusões “não representam necessariamente” a posição das instituições em que atuam.“As informações permitem balizar o mercado para os investimentos necessários. Até hoje era uma coisa muito subjetiva”, disse Smeraldi. “Os dados podem ser vistos como ameaça ao negócio, porque com custo de carbono ele ficaria mesmo inviável, mas também revelam uma oportunidade de ajuste rentável para o setor.”

Além de Mercedes, Nobre e Smeraldi, o estudo “Estimativa de emissões recentes de gases de efeito estufa pela pecuária no Brasil” é resultado do trabalho dos especialistas Alexandre de Siqueira Pinto (UnB), Ana Paula Dutra de Aguiar, Jean Ometto e Karla Longo (Inpe), Laerte Guimarães Ferreira (Universidade Federal de Goiás, UFG), Luís Gustavo Barioni (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Embrapa) e Peter May (Amigos da Terra – Amazônia Brasileira).


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Banheira de carbono


É simples: enquanto despejarmos CO2 na atmosfera mais rápido do que a natureza se livrar dele pelo ralo, a temperatura do planeta vai continuar subindo. Pois esse carbono extra leva muito tempo para ser eliminado.
Por Robert KunzigFoto de Nigel Holmes. Sources:John Sterman, MIT; David Archer, University of Chicago; Global Carbon Project

Uma falha humana básica, segundo John Sterman, atrapalha ações contra o aquecimento global. Sterman fala de uma limitação cognitiva, "um problema no raciocínio humano", que constatou em testes com alunos do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês). Professor de dinâmica de sistemas, Sterman diz que seus alunos, embora acostumados a lidar com cálculos, não têm compreensão intuitiva de um sistema ao mesmo tempo simples e crucial: uma banheira.
Pense em uma banheira na qual a torneira e o ralo estão abertos. O nível de água pode representar fatores do mundo moderno. Um deles é o total de dióxido de carbono na atmosfera da Terra. Outros dois são a cintura de uma pessoa e o débito em seu cartão de crédito.
Em todos esses três casos, o nível de água na banheira só diminui quando a vazão pelo ralo é maior que a entrada de água pela torneira - ou seja, quando queimamos mais calorias do que ingerimos ou quando saldamos débitos antigos com maior rapidez do que contraímos dívidas.
As plantas, os oceanos e as rochas drenam o carbono da atmosfera, mas em ritmo lento. Serão precisos centenas de anos para que seja removida a maior parte de CO2 que os seres humanos jogam na banheira, e centenas de milhares para ser eliminado. A interrupção do aumento de CO2, portanto, exigirá cortes brutais nas emissões de carros, termelétricas e fábricas, até que a entrada de água na banheira seja inferior à vazão do ralo.
A maioria dos alunos de Sterman não entende isso, ao menos quando o problema é descrito com a terminologia referente às questões climáticas. Eles imaginavam que o mero congelamento das emissões em seus atuais níveis evitaria o aumento de CO2 na atmosfera – como se a água que escorre de uma torneira em ritmo constante não pudesse provocar o transbordamento da banheira. Se alunos de uma escola tão prestigiosa quanto o MIT não entendem o que está em jogo, é provável que o mesmo ocorra com a maioria dos políticos.
Até 2008, o índice de CO2 na banheira era de 385 partes por milhão (ppm) e aumentava no ritmo de 2 ou 3 ppm por ano. Segundo Sterman, para estabilizar esse crescimento em 450 ppm, número que os cientistas consideram alto, o mundo teria de reduzir as emissões em 80% até 2050.
Neste mês, quando diplomatas estiverem reunidos em Copenhagen para negociar um tratado sobre o clima, Sterman estará lá com seus programas informatizados que mostram de maneira imediata como os cortes de emissões propostos afetariam o nível na banheira - e, portanto, a temperatura do planeta. Em geral, no fim de seu curso, os alunos entendem bem melhor a dinâmica da banheira - e esse é um motivo de esperança. "As pessoas podem aprender isso", diz ele.

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