sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Segunda sem Carne: Artigo I


A campanha "Segunda sem Carne", da Sociedade Vegetariana Brasileira em parceria com a Secretaria do Verde e do Meio-ambiente, caminha de forma a apoiar as diretrizes emitidas pelo Ministério da Saúde.

A redução das carnes, com conseqüente aumento do consumo feijões (leguminosas), frutas, cereais (de preferência integrais) legumes e verduras é preconizada pelo Guia Alimentar para a População Brasileira do Ministério da Saúde (confira aqui).

Segundo a diretriz, os alimentos principais para uma alimentação saudável são os cereais, pães e massas, frutas, legumes e verduras, feijões e outros vegetais ricos em proteína.
Cereais (de preferência integrais), frutas, legumes, verduras e feijões devem, em conjunto, fornecer 55 a 75% do total de energia diária da alimentação.
Os alimentos de origem animal só integram um cardápio saudável se em consumo moderado.
O consumo de carnes deixou de ser moderado há muito tempo, fazendo com que o brasileiro se exponha de forma excessiva aos malefícios do seu consumo. Em análise comparativa, conforme divulgado no Guia Alimentar para a População Brasileira do Ministério da Saúde, o consumo do brasileiro entre os anos de 1974 a 2003 mostra a seguinte realidade:
-Cereais, raízes e tubérculos: houve redução do seu consumo de 42,1 para 38,7%. O consumo mínimo recomendado é de 45%. O consumo atual deve ser aumentado em 20%.
- Frutas, legumes e verduras: mantêm-se em baixo consumo, correspondendo apenas a 3 a 4% do valor energético consumido. O consumo preconizado diariamente é de 9 a 12%. É necessário aumentar pelo menos 3 vezes o consumo desses alimentos pela população. Isso corresponde à ingestão mínima de 400 gramas por dia.
- Feijões: o seu consumo vem se mantendo na faixa preconizada (53,68%), mas há uma tendência de queda preocupante, necessitando ser revertida em curto espaço de tempo. Quando comparada com o consumo em 1974, a sua redução foi de 31%.
- Carnes, laticínios e ovos: vem aumentando gradativamente (especialmente as carnes): de 14,9 para 21,2%. É importante frear esse aumento progressivo. Nas famílias de baixa renda o consumo é de 11,7%, enquanto nas de maior renda é de 24,1%.
- O consumo de carnes aumentou 50% sendo 23% para carne bovina e 100% para carne de frango. Os embutidos (presunto, salame...) aumentaram 300%.
- Sal: o uso avaliado em domicílio (não computado os valores somados às refeições fora de casa) é de 9,6 g de sal por dia por pessoa, enquanto não deveria ultrapassar 5 gramas. O consumo de sal deveria ser reduzido pela metade. Outros estudos solicitam a redução em 3 vezes.
- O uso de refeições prontas e misturas industrializadas aumentou 82%. O percentual de despesas com alimentação fora do domicílio nas zonas urbanas é de 25,7%. Nas áreas rurais, aumentou 13,1%.
- É recomendado que o consumo de gorduras totais seja reduzido em 10%, e no caso da população urbana, em 16%.

Frente a todos esses dados, é sensato estimularmos a população a aumentar o consumo de alimentos de origem vegetal (cereais, feijões, batatas, legumes, verduras e frutas) e reduzir o consumo de carnes.
Somado ao aumento do consumo fora de casa, é desejável que os estabelecimentos comerciais que servem refeições possam auxiliar o brasileiro a encontrar opções de alimentação mais saudável, que auxiliem a equilibrar a inadequação apontada pelo consumo excessivo de carne, conforme o Ministério da Saúde.

Um dos fatos mais marcantes é o aumento em 300% do consumo de embutidos, que é a pior forma de aumentar o risco de câncer de intestino grosso (veja referência de estudos no próximo post).
A retirada da carne do cardápio às segundas-feiras, provavelmente não será ainda suficiente para ajustar o cardápio brasileiro marcado pelo seu consumo excessivo, mas é uma atitude positiva em direção à melhor educação e abertura a novos sabores.
Autor:
Dr Eric Slywitch - médico nutrólogo - coordenador do Departamento de Medicina e Nutrição da Sociedade Vegetariana Brasileira

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