sábado, 26 de setembro de 2009

Segunda sem Carne: Artigo II

Foto: MASSAGEM AYURVEDA
Alguns estudos sobre o consumo de carne e doenças associadas

Em 1975 já havia uma publicação feita por Armstrong e Doll que demonstrou que quanto maior o consumo de carne per capta da população, maior era a prevalência de câncer de intestino no país. Como exemplo, enquanto na Nigéria e Japão o consumo era menor do que 40 gramas por dia e incidência desse tipo de câncer era de menos de 10 casos por 10.000 mulheres, o consumo de cerca de 300 gramas por dia nos Estados Unidos e Nova Zelândia elevava a incidência para cerca de 40 casos por 10.000 mulheres.
Em 1999 a publicação de um estudo (Fraser, 1999) que avaliou 34.198 indivíduos adventistas demonstrou que o consumo de carne vermelha ou branca estava associado ao maior risco de câncer de intestino. Quanto maior a freqüência de consumo, maior o risco. Esse estudo demonstrou que o risco era 88% maior para câncer de intestino grosso e 54% maior para o de próstata para as pessoas que consumiam carne quando comparados com vegetarianos. Nesse mesmo estudo foi visto que o maior consumo de carne se associou com um risco 120% maior de apresentar hipertensão arterial, 97% maior de apresentar diabetes e 50%, maior de apresentar artrite reumatóide nos consumidores de carne.
Ainda em 1999 um estudo de revisão (Key e colaboradores) demonstrou pela junção de 5 estudos que totalizaram 76.000 pessoas que os vegetarianos têm uma redução de 20 a 31% de morte por doença cardiovascular.
Em 2001 tivemos a publicação científica de uma metanálise* (Sandhu e col, 2001) que demonstrou que o aumento de 100 gramas de carne (de qualquer tipo) ingerida diariamente está associado com o aumento de 12 a 17% do risco de câncer de intestino (cólon e reto). O mais alarmante se faz em relação ao consumo de carnes processadas (salame, presunto, lingüiça..), onde o aumento de 25 gramas ingerido diariamente está associado com o aumento de 49% do risco de câncer de intestino grosso.

Em 2002 uma nova metanálise realizada por Norat e colaboradores demonstrou que o aumento de 120 g de carne vermelha ingerida diariamente está associado com aumento em 24% do risco de câncer de intestino grosso (cólon e reto). O aumento de 30 g de carne processada (salames, presunto, lingüiça..) ingerida diariamente está associado com aumento em 36% do risco de câncer de cólon e reto.
Estudo de revisão científica (Kolonel, 2001) avaliando o consumo de carne (vermelha) e câncer de próstata demonstrou aumento do risco em mais de 30% em 15 de 21 estudos.

Mais recentemente (março de 2009), um artigo publicado na revista Archives of Internal Medicine demonstrou que a ingestão de carne vermelha está relacionada à maior prevalência de doenças cardiovasculares e de diversos tipos de cânceres. Nesse estudo, o consumo de menos de 20 gramas de carne por dia seria o preconizado. Essa conclusão foi fundamentada após acompanhar 332.263 homens e 223.390 mulheres. O registro de mortalidade por todas as causas foi estatisticamente significativo nas pessoas com maior ingestão de carne: 31% maior entre os homens e 36% maior entre as mulheres. Na avaliação de mortalidade por câncer, percebeu-se um aumento de 20% nos indivíduos com elevada ingestão de carne vermelha. No caso das doenças cardiovasculares, o aumento foi de 27% para os homens e 50% para as mulheres. Há diversas possíveis explicações para isso:
- a própria composição da carne (maior teor de gordura saturada e ferro heme)
- a formação de compostos durante o seu aquecimento (hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, aminas heterocíclicas mutagênicas, mutagênicos N-nitroso), e os conservantes utilizados na preservação (nitritos).

A baixa ingestão de alimentos de origem vegetal (frutas, verduras, legumes, cereais integrais e feijões) contribui para aumentar o risco de diversas doenças.

O fato é que a população brasileira come mais carne do que deveria e isso tem impacto negativo sobre a saúde e sobre o meio ambiente. A iniciativa de não consumir nenhum tipo de carne, substituindo-a por alimentos de origem vegetal (feijões, cereais, frutas, verduras e legumes) por pelo menos um dia da semana é uma iniciativa que pode auxiliar positivamente a sua saúde.

Experimente novos sabores! Adote a segunda sem carne!

Dr Eric Slywitch - médico nutrólogo - coordenador do Departamento de Medicina e Nutrição da Sociedade Vegetariana Brasileira.

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