segunda-feira, 13 de julho de 2009

Viver e correr by W. Avila

O artigo “A Maratona imita a Vida” do ultimo 30 de junho, publicado no Blog do nosso amigo e ultra-maratonista Alberto Peixoto, me inspirou na elaboração deste texto. Penso que um dos verbos que liga muito bem esses dois conceitos é lutar. Se a maratona, assim como a vida, é uma luta constante, sem tréguas, sem descanso, de ambas podemos também tirar os momentos os mais prazerosos. Meus comentários versarão mais sobre o ato de correr de que sobre maratonas.

“Correr e coçar é só...” parabéns, que achado! Genioso e genial!

Um pouco de história
No inicio dos anos 1970, Tim Gallwey era treinador de uma equipe de tênis. Ficava intrigado com a performance de seus atletas, pois os resultados raramente eram previsíveis, independente da qualidade dos adversários. Se perguntava: o que faz com que um jogador, um dia vence com facilidade o adversário e tempos depois perde feio, para esse mesmo adversário? O que de fato acontece?
Depois de muita observação ele descobriu que existe uma outra variável nesta equação, a qualidade do adversário é apenas uma delas. Com o tempo ele chegou a conclusão de que todo jogador de tênis tem dois adversários, um externo e outro interno. “o oponente na cabeça de alguém é mais extraordinário do que aquele do outro lado da rede”, ele escreveu. Quando alguém, em qualquer esporte, consegue dominar o adversário interior, o seu corpo se ajusta de tal modo e faz as adaptações necessárias, tudo em função da performance a ser alcançada. Foi uma grande descoberta, logo assimilada por muitos outros treinadores, desse e de outros esportes.
Na corrida não é diferente: colocar a nossa mente para trabalhar a nosso favor é certamente garantia de sucesso em nosso projeto. Quando nós conseguimos transformar a mente em aliada, o cansaço, a dor, as dificuldades não vão desaparecer, mas podem deixar de ser adversários.. E quando isto acontece significa que estamos vencendo o adversário interior.

Como proceder

Antes uma observação: sei que existe uma grande quantidade de revistas especializadas que trazem artigos os mais diversos e com excelente qualidade sobre técnicas, estudos científicos, alguns mais, outros menos complexos, a respeito desse assunto. Meu o objetivo aqui, muito mais modesto, é falar sobre minha experiência, eventualmente ilustrando com as ferramentas que utilizo em meu trabalho.
Em uma corrida mesmo curta, inúmeros podem ser os nossos adversários, alguns mentais, outros físicos, como ansiedade, calor, cansaço, dor, etc. Uma boa preparação deveria então, alem da parte técnica e física, contemplar também a parte que chamarei de emocional.
De maneira muito resumida podemos dizer que as limitações do corpo do corredor chegam até o cérebro e após uma avaliação instantânea este devolve o estímulo na condição de dor. Significa que, se em algum momento se conseguir interromper esse estímulo, o corpo pode continuar aumentado ou mantendo o esforço. O segredo está portanto em se conseguir fazer com que o estímulo não chegue até a parte do corpo responsável pelo esforço.
Uma das maneiras de fazer isso é direcionar a mente para algo diverso daquilo que está provocando a dor: uma maneira de “distrair” o nosso cérebro.
Falei também em interromper o estímulo - Pessoalmente faço uso de duas técnicas, que são muito simples e qualquer pessoa conseguirá fazer, sozinha, desde que se exercite um pouco, inclusive durante os treinos. Uma é a visualização e a outra a focalização ou imaginação dirigida.

Visualização

Consiste em criar na mente, um cenário onde a pessoa se vê cheia de recursos internos, como por exemplo, durante uma importante conquista (escolar, trabalho, etc.)ou vivendo fortes emoções (um aniversário, uma grande festa, receber o resultado em um vestibular etc.) ou melhor ainda: em uma corrida, ultrapassando a linha de chegada, com todas as pessoas que lhe são caras, aplaudindo pelo grande feito. Até mesmo relembrar uma música, pode nos colocar em estado de grandes recursos: muitos de vocês certamente se lembram da musica ouvida quando o Ayrton Senna ganhava uma corrida de F1!
Na sua preparação cada um escolhe os cenários mais motivadores para serem utilizados durante os treinos ou a corrida.

Focalização ou imaginação dirigida

Consiste em concentrar-se nas partes do próprio corpo que estão permitindo realizar a corrida. O primeiro, a que chamo a atenção, é o ato de respirar. Inspirando estamos colocando pura energia dentro de nosso corpo. Uma respiração calma, profunda, leva o oxigênio até as mais remotas partes de nosso corpo. Continuar dirigindo a nossa imaginação para outras partes de nosso corpo. Eu costumo dizer que, em algumas corridas, nós somos apresentados a partes de nosso corpo com as quais nunca falamos antes. Nós não corremos apenas com os pés, as pernas e os braços. Quando eu corro, preciso do Avila por inteiro: pés mãos, braços, coração, mente, calcâneo, patela, boca, e...mais do que nunca dos pensamentos. Quando se consegue estabelecer esta harmonia com todos os nossos órgãos, em prol de um único objetivo, nada irá nos deter. “Quando eu tenho um objetivo claro a ser atingido, o universo inteiro conspira a meu favor” – P. Coelho.
Estabelecer um diálogo agradável entre as partes do corpo também costuma ser muito benéfico: aquela parte que está “sofrendo mais” pode ser ajudada, incentivada, por uma outra, que esteja melhor. A harmonia é fundamental: nos movimentos, nas passadas, nos gestos, na respiração: um corpo harmonioso é como um barco que navega com ventos favoráveis.
O que se deve evitar é deixar o pensamento correr solto: a nossa mente detesta o vazio. Deixar ao acaso, algo de ruim, de negativo, de desmotivador, pode ocupá-la.
Com perseverança, treino, aplicação os resultados virão e com eles, até a nossa auto-estima irá melhorar.
Para finalizar, gostaria de chamar a atenção para algo que considero muito importante: agradecer o nosso corpo todas as vezes que exigimos esforços dele. Pode parecer infantil, mas existem memórias, algumas até mesmo inconscientes, a quem nós podemos fazer apelo nos momentos de dificuldades. Elas serão mais ou menos propensas a nos ajudar, de acordo com o tratamento que nós tivermos dado a elas, antes.
Este aprendizado poderá nos ser útil em muitas outras situações, não somente no esporte, mas até mesmo em nosso cotidiano, na qualidade de nossas vidas.

"Não gaste duas palavras se uma única basta." Espero não ter sido exageradamente prolixo em minhas exposições.

Boas corridas a todas e a todos.

W. Avila
Coach de Vida e de Carreira
http://www.i-coaching.com.br/

2 comentários:

Ésio Cursino disse...

Alberto,
Acho que intuiutivamente uso todos estes processos, pois corro com a certeza que vou terminar e para isto procuro durante a corrida ir dando ao meu corpo e mente todos os estimulos que consigo. Nesta Maratona de Brasilia foi fudamental, pois foi a minha mais dificil.

Jorge Cerqueira disse...

---------\\\\|/---------
--------(@@)-------
-o--oO--(_)--Ooo-
Realmente o mundo da corrida é fascinante, cada dia que passa mais nós aprendemos a correr, pelo que eu li esses livros aqui postados são muitos bons, é isso ae, vivendo e aprendendo.

Na Matona do Rio fui presenteado com 2 ótimos livros de corrida e algumas semanas atrás ganhei mais 2 livros, só sei de uma coisa os livros são muito bons, só não sei aonde vou tirar tempo para ler todos eles...rsss...

Valeu amigo.

Bons treinos,

Um abraço,

Jorge Cerqueira
www.jmaratona.blogspot.com

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