"Infelizmente, ontem, sábado – 20 de março de 2010, por volta das 15h, Manoel Pereira Torres, um senhor ciclista de 53 anos que usava todos os dias sua bicicleta para sair da Favela da Paz em Interlagos até o Itaim onde trabalhava como porteiro na R. Joaquim Floriano, atravessava a rua na faixa de pedestres depois que o farol abriu para ele, quando foi atingido violentamente por uma moto que vinha a toda velocidade pela faixa dos ônibus na Avenida Vereador José Diniz, sentido centro bairro um pouco antes do início do Clube Banespa. A velocidade que a moto passava foi tanta que arremessou o corpo do Sr. Manoel contra o semáforo a uma altura de 3 metros. Sua bicicleta, arremessada contra o poste de aço, dobrou ao meio.
A ironia é que no projeto da Nova Avenida Vereador José Diniz deveria constar uma ciclovia, que simplesmente foi “esquecida” pelas autoridades da época. Depois de cobrados, ficaram de construir outra de “compensação”, paralela à avenida nova. Nela circulam muitos ciclistas que, devido à aclividade da região, encontram ali uma boa forma de atravessar as avenidas Água Espraiada e Vicente Rao, que ficam em vales profundos.
Quem vai “compensar” a morte do Sr. Manoel e o risco que outros ciclistas correm sem a ciclovia prometida?"
Cleber Ricci Anderson
pessoalmente presenciou o corpo do Sr. Manoel e sua bike dobrada ao meio
A notícia não saiu nos jornais. Afinal, “seu” Manoel era só um porteiro, morava numa favela. Fosse alguém de classe média alta, teríamos sabido pela imprensa e não por uma testemunha. Fosse um participante do Big Brother, um ator de novela, um empresário ou um jogador de futebol conhecido, haveria comoção nacional. Mas seu Manoel, ora… era só um Manoel qualquer, não é mesmo? Mais um que entra para as estatísticas de pelo menos um ciclista morto por semana, por assassinos que trafegam em alta velocidade, ou por outros que acreditam poder adestrar os ciclistas a pedalar na calçada colocando em risco suas vidas com uma “fina” que pode ser fatal.
Ciclistas se unirão hoje, sábado 27, para instalar no local do acidente assassinato uma bicicleta branca, conhecida como Ghost Bike. Para que a morte do seu Manoel não seja só um incômodo ao trânsito, para que o poder público acorde e veja que a política de omissão tem seu preço em vidas, para que a CET pare de aceitar trocar vidas por fluidez, para que todos vejam que a vida de qualquer cidadão tem o mesmo valor.
A massa se reunirá na Praça do Ciclista, às 9 da manhã, para se dirigir até Av. Vereador José Diniz, altura do número 1750, para realizar a instalação. Será uma manifestação pacífica, democrática, cidadã e importante para conscientizar as pessoas – e principalmente o poder público – sobre a importância de uma cidade mais humana, que valorize mais a vida das pessoas do que a velocidade com que as máquinas podem trafegar. A homenagem será feita por volta das 11h, caso você queira se dirigir diretamente até o local.
FONTE: Vá de Bike
Um comentário:
Veja como foi a manifestacão, em uma matéria que explica melhor o porquê de uma Ghost Bike: http://blig.ig.com.br/freeride/2010/03/27/ghost-bike-de-manoel-pereira-torres/
Obrigado por divulgar a informação.
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