"Quem não come carne bovina, não compactua com a destruição de florestas para abertura de pastos. Quem não come peixe, ajuda a proteger a vida nos mares e mangues. Quem não come aves e suínos colabora para manter limpos os lençóis freáticos. Na verdade, a beleza suprema está entre nós, permeando toda a natureza, mas destruímos tudo antes mesmo de conhecer", escreve Raquel Ribeiro, jornalista, em artigo que publicamos a seguir.
Fonte: IHU
Eis o artigo.
Se você quer saborear as surpresas da vida, não deixe seu co(r)po encher...
“Como colocar água em um copo que já está cheio?”, questiona o patriarca guerreiro numa das belas cenas do filme Avatar. “Meu copo está vazio”, responde Jake Sully. O fusileiro naval alienígena – que acaba se tornando um nativo exemplar – comprova a afirmação ao beber, com fascínio e amor, toda a sabedoria desse povo de Pandora. Essa corajosa disposição para o novo é coisa rara. Desde o nascimento, vamos sendo moldados, incorporando hábitos, costumes e tradições. Logo, decretamos: “gosto disso, não gosto daquilo”. E se um dia você comeu algo com muita pimenta-do-reino e não aprovou, elimina não apenas aquela, como todas as pimentas, perdendo assim a oportunidade de conhecer o calor da malagueta, a sutileza da pimenta de biquinho e o sabor doce e perfumado da pimenta rosa.
O mesmo vale para a soja, o tofu e outros ingredientes típicos da culinária vegetariana. Não deixe, pois, uma primeira mordida ou uma mera olhadela determinar seus conceitos. E evite comparar a chamada “carne de soja” com uma picanha; ou um pedaço de tofu com um naco de queijo minas. Em vez de torcer o nariz, que tal simplesmente esvaziar seu copo?
Sim, dá para fazer maravilhas sem leite moça, sem bacon, sem manteiga, carnes e quetais. Duvida? Pois o guerreiro-mor, pretendente da bela Neytiri, também não colocou a menor fé na entrega e disposição de “Jakesully”, e se deu mal!
Há outra relação entre Avatar e vegetarianismo: a conexão entre os homens e os animais. Tanto os seres alados como os cavalos aceitam ser comandados; e os corpos se tocam sem cela, sem arreio, sem espora. Já as caças são abatidas com o máximo de respeito e gratidão. Mundo ideal, preso num futuro distante? Não. Em Dança com Lobos, o ex-soldado sorvia experiências parecidas na terra habitada pelo povo Sioux. Resgatar esse e outros valores de culturas mais conectadas à Terra (sejam primitivas, remotas ou simplesmente alternativas), é um dos alicerces para a construção de um mundo melhor. Ainda vejo uma terceira ponte no filme para valorizar o vegetarianismo: a exuberân cia da natureza. Em imagens oníricas, as sementes da imponente árvore sagrada lembravam caravelas (águas vivas); as intensas cores dos corais pareciam inspirar a flora; vaga-lumes, plânctons e outros seres luminosos (e iluminados!) desenhavam a noite mágica da floresta... Ou seja, as belezas alienígenas da ficção nasceram de uma realidade terrestre igualmente fantástica. Ou alguém questiona que nosso planeta abrigue seres em formas e cores que superam as mentes mais imaginativas? Espere aí, mas o que isso tem a ver com vegetarianismo?
Simples: quem não come carne bovina, não compactua com a destruição de florestas para abertura de pastos. Quem não come peixe, ajuda a proteger a vida nos mares e mangues. Quem não come aves e suínos colabora para manter limpos os lençóis freáticos. Na verdade, a beleza suprema está entre nós, permeando toda a natureza, mas destruímos tudo antes mesmo de conhecer, como alertou a cientista terráquea Grace, diante de um militar sarcástico e um arrogante empresário.
Enfim, vegetarianismo não significa apenas cortar a carne – e vai além do abrir os olhos para um mundo de novos sabores e possibilidades gastronômicas. Porque o vegetarianismo não é apenas uma dieta alimentar, mas sim um estilo de vida que busca a harmonização planetária. Dieta vegetariana vem de mãos dadas com a não-violência, a rejeição do especismo, o reconhecimento dos Direitos da Terra e um pensamento onde o “penso, logo existo” não dá direito a tratar todos os demais seres viventes como “coisas”
Se você quer saborear as surpresas da vida, não deixe seu co(r)po encher...
“Como colocar água em um copo que já está cheio?”, questiona o patriarca guerreiro numa das belas cenas do filme Avatar. “Meu copo está vazio”, responde Jake Sully. O fusileiro naval alienígena – que acaba se tornando um nativo exemplar – comprova a afirmação ao beber, com fascínio e amor, toda a sabedoria desse povo de Pandora. Essa corajosa disposição para o novo é coisa rara. Desde o nascimento, vamos sendo moldados, incorporando hábitos, costumes e tradições. Logo, decretamos: “gosto disso, não gosto daquilo”. E se um dia você comeu algo com muita pimenta-do-reino e não aprovou, elimina não apenas aquela, como todas as pimentas, perdendo assim a oportunidade de conhecer o calor da malagueta, a sutileza da pimenta de biquinho e o sabor doce e perfumado da pimenta rosa.
O mesmo vale para a soja, o tofu e outros ingredientes típicos da culinária vegetariana. Não deixe, pois, uma primeira mordida ou uma mera olhadela determinar seus conceitos. E evite comparar a chamada “carne de soja” com uma picanha; ou um pedaço de tofu com um naco de queijo minas. Em vez de torcer o nariz, que tal simplesmente esvaziar seu copo?
Sim, dá para fazer maravilhas sem leite moça, sem bacon, sem manteiga, carnes e quetais. Duvida? Pois o guerreiro-mor, pretendente da bela Neytiri, também não colocou a menor fé na entrega e disposição de “Jakesully”, e se deu mal!
Há outra relação entre Avatar e vegetarianismo: a conexão entre os homens e os animais. Tanto os seres alados como os cavalos aceitam ser comandados; e os corpos se tocam sem cela, sem arreio, sem espora. Já as caças são abatidas com o máximo de respeito e gratidão. Mundo ideal, preso num futuro distante? Não. Em Dança com Lobos, o ex-soldado sorvia experiências parecidas na terra habitada pelo povo Sioux. Resgatar esse e outros valores de culturas mais conectadas à Terra (sejam primitivas, remotas ou simplesmente alternativas), é um dos alicerces para a construção de um mundo melhor. Ainda vejo uma terceira ponte no filme para valorizar o vegetarianismo: a exuberân cia da natureza. Em imagens oníricas, as sementes da imponente árvore sagrada lembravam caravelas (águas vivas); as intensas cores dos corais pareciam inspirar a flora; vaga-lumes, plânctons e outros seres luminosos (e iluminados!) desenhavam a noite mágica da floresta... Ou seja, as belezas alienígenas da ficção nasceram de uma realidade terrestre igualmente fantástica. Ou alguém questiona que nosso planeta abrigue seres em formas e cores que superam as mentes mais imaginativas? Espere aí, mas o que isso tem a ver com vegetarianismo?
Simples: quem não come carne bovina, não compactua com a destruição de florestas para abertura de pastos. Quem não come peixe, ajuda a proteger a vida nos mares e mangues. Quem não come aves e suínos colabora para manter limpos os lençóis freáticos. Na verdade, a beleza suprema está entre nós, permeando toda a natureza, mas destruímos tudo antes mesmo de conhecer, como alertou a cientista terráquea Grace, diante de um militar sarcástico e um arrogante empresário.
Enfim, vegetarianismo não significa apenas cortar a carne – e vai além do abrir os olhos para um mundo de novos sabores e possibilidades gastronômicas. Porque o vegetarianismo não é apenas uma dieta alimentar, mas sim um estilo de vida que busca a harmonização planetária. Dieta vegetariana vem de mãos dadas com a não-violência, a rejeição do especismo, o reconhecimento dos Direitos da Terra e um pensamento onde o “penso, logo existo” não dá direito a tratar todos os demais seres viventes como “coisas”
Um comentário:
Lindo post, ainda nao vi o filme, mas deve ser maravilhoso, filosofia de vida muito interessante...
Bjinhos
JU
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